Em reunião com advogado, ele fala sobre documento que Anderson Reiner
teria escrito, cobrando valores relativos a promessa feita em porteira de
fazenda e até tratamentos estéticos. Defesa do padre afirma que áudios são
montagem.
O Padre Robson
de Oliveira, que era investigado por suposto desvio de doações de fiéis à
Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), diz que se sentia vítima de extorsão por parte de um dos, até então,
diretores da entidade. Na conversa gravada em áudio com um advogado, ele
fala sobre um documento em que Anderson Reiner cobraria mais R$ 4 milhões,
relativos a promessa feita em porteira de fazenda e até tratamentos
estéticos. “E o idiota ainda assina a extorsão”, diz o religioso na
gravação(ouça acima). A defesa do padre afirma que os áudios são
montagem.
As gravações foram encontradas durante a Operação Vendilhões, que apurou a suspeita de desvio de dinheiro da Afipe, em agosto do ano
passado. A conversa foi gravada pelo próprio padre Robson e tem mais de 1h30
de duração. A data em que ela ocorreu não foi divulgada.
O G1 tenta contato por telefone e mensagem de texto com Anderson Reiner
desde 9h30, mas o telefone consta como desligado.
A reportagem entrou em contato por e-mail com a assessoria de imprensa da
Afipe às 10h15 e aguarda um retorno sobre o caso. Na segunda-feira (22), a
entidade informou que desconhecia os fatos contidos na matéria. Do mesmo
modo, reafirma que o ex-presidente não tem contato com a nova
diretoria.
Áudio de reunião
A conversa é entre o padre e o advogado Luiz Inácio Medeiros Barbosa. Eles
falam sobre um processo judicial envolvendo a venda de uma fazenda. Durante
a reunião, o religioso faz muitas críticas ao então diretor jurídico da
entidade, diz que ele comete muitos erros na condução jurídica e quer,
inclusive, afastá-lo para evitar que causasse mais problemas.
Em um momento do encontro, ele diz que Anderson está “querendo receber R$ 4
milhões por esse serviço de merda” e dizendo que o padre havia feito
promessas verbais de ganhos financeiros. Robson explica que tinha conversado
com o diretor jurídico sobre outros trabalhos, o que poderia gerar ganhos
que proporcionariam uma espécie de aposentadoria. “Ele só entendeu a parte
que cabia”, disse.
Momentos depois, ainda na reunião, padre Robson pega um documento que teria
sido feito por Anderson e mostra a lista de valores cobrados, falando que
considerava aquilo uma extorsão de dinheiro.
“Descrição de valores, Anderson versus Afipe, em função do mandato de
promessa compromisso verbal entre o padre Robson e eu. R$ 560 mil do
apartamento [onde Anderson mora] que eu tenho que dar para ele. Isso aqui é
extorsão, doutor. R$ 300 mil do acompanhamento da execução da [inaudível],
sendo que ele era pago para isso, mas ele tem que ganhar R$ 300 mil, porque
diz que eu prometi”, diz o padre.
Ele ainda segue lendo o documento ao advogado: “R$ 3 milhões em
aposentadoria privada prometida na porteira do Parque das Águas, fazenda em
Abadiânia que era de propriedade da Afipe [...]. R$ 140 mil de prêmio em
tratamentos estéticos e outros relacionados à saúde pelo desgaste em função
do mandato. [...] R$ 4,1 milhões, pois foi me dito pelo padre Robson que se
eu resolvesse a vida dele, ele resolveria a minha, executando o que me
prometeu”.
“Isso aqui é um documento que eu mando ele para a cadeia se eu quiser. Hora
que eu quiser usar, eu uso”, completou o padre.
Depois de mostrar o documento, o então presidente da Afipe diz que não vai
bancar uma vida confortável ao dirigente da entidade e que Anderson não tem
mais condições de continuar no cargo.
O advogado Luiz Medeiros se mostra preocupado com a situação e que Anderson
possa prejudicar o padre e a Afipe. Em seguida, questiona:
Advogado: O que eu faço com o Anderson?
Padre: Se você pudesse matar ele
para mim, eu ia achar uma bênção. Acaba com esse cara, bicho. Isso aí só vai atrapalhar nossa vida. Para
mim, até hoje, foi um atraso. Com o que um cara desse escreve e assina uma
extorsão, doutor?
Medeiros informou, em nota, que atuou como advogado consultivo da Afipe e
que o trabalho dele "sempre foi lícito e transparente". "Nunca houve
qualquer repasse de valores a nenhum servidor público. Áudios e vídeos foram
montados por hackers que extorquiam o padre Robson. Sigo à disposição das
autoridades e da imprensa para qualquer esclarecimento", afirmou;
Outras gravações
Segundo os investigadores, todas as gravações passaram por perícia técnica,
que comprovou serem mesmo do padre. Os áudios estavam em HDs, computadores e
no celular do religioso - material que foi apreendido durante a Operação
Vendilhões, a qual foi interrompida por decisão judicial, mas o Ministério Público recorreu ao Superior Tribunal de Justiça. operação do MP.
Em outros trechos, o padre conversa sobre o suposto pagamento de propina para desembargadores
para conseguir uma decisão favorável relativa à negociação de uma fazenda. O
Tribunal de Justiça diz que não tem conhecimento dos áudios e não foram
usados os meios próprios para levar ao judiciário os indícios de eventual
conduta inadequada de magistrados.
O Ministério Público Federal pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a abertura de investigação para apurar as acusações contra os magistrados. Sobre esta solicitação, o Tribunal de Justiça informou que vai se
posicionar por meio de nota ainda na quarta-feira (24).
Em outras conversas, de acordo com as investigações, o padre chefiou com a delegada Renata Vieira um inquérito
feito “por baixo dos panos” contra um homem que o estava chantageando. A
delegada negou qualquer irregularidade.
Investigação
Padre Robson era investigado na Operação Vendilhões, que cumpriu mandados
de busca e apreensão em agosto de 2020, para apurar crimes como lavagem de
dinheiro, apropriação indébita e falsidade ideológica nas "Afipes",
associações criadas por padre Robson e que movimentaram em torno de R$ 2
bilhões em dez anos.
De acordo com a investigação, os valores deveriam ter sido usados na
construção da nova Basílica de Trindade. Porém, foram usados, entre outros
fins, para a compra de fazendas, um avião e uma casa de praia.
Em dezembro de 2020, padre Robson e
outras 17 pessoas
foram denunciadas por organização criminosa, apropriação indébita, falsidade
ideológica e lavagem de dinheiro. Porém, o processo foi bloqueado pela
Justiça.
via
G1
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