De todos os antigos símbolos mediterrânicos adotados pela igreja cristã, a pomba foi provavelmente a mais repetida na arte litúrgica, que inclui vasos de ritual, lâmpadas, paredes de catacumbas, túmulos, sarcófagos e edifícios. Mas por quê?
Quase todos os artistas cristãos escolheram a pomba para representar o Espírito Santo. Naturalmente, há razões bíblicas claras e diretas para isso, encontradas tanto no Antigo como no Novo Testamento, do Gênesis aos Evangelhos. Por exemplo, os comentários talmúdicos sobre o livro de Gênesis, bem como alguns dos pergaminhos do Mar Morto, afirmam que o Espírito de Deus pairou sobre a face das águas (Gn 1: 2) “como uma pomba que paira sobre seus filhotes sem tocar [neles]”, introduzindo o motivo da pomba no início de toda a narrativa bíblica.
Além disso, praticamente todos estão familiarizados com o papel desempenhado pela pomba na história do dilúvio: uma pomba trouxe a Noé um ramo de oliveira, anunciando o abatimento das águas e a ira de Deus. Essa narrativa levou judeus e cristãos a compreender o ramo de oliveira como um símbolo de paz e a pomba como seu arauto. Nas representações cristãs, a arca tornou-se naturalmente o símbolo da Igreja, Noé a da alma cristã (a quem a pomba traz a paz) e o dilúvio uma prefiguração do batismo cristão.
Além disso, encontramos a figura do pombo nos Salmos e no Cântico dos Cânticos de Salomão. Neste último, o noivo compara sua noiva a uma pomba (“Oh, minha pomba nas fendas da rocha […] deixe-me ver seu rosto, deixe-me ouvir sua voz”).
Os povos antigos no Mediterrâneo já sabiam que os pombos são monogâmicos e formam fortes laços como pares ao longo da vida. De fato, alguns textos antigos afirmavam (imprecisamente) que pombas matavam aqueles que cometiam adultério. A pomba, então, não seria apenas o símbolo da paz, mas também da pureza e fidelidade.
Algumas outras fontes antigas do Mediterrâneo (cretense, principalmente) insistiam no fato de a pomba não ter vesícula biliar e, consequentemente, não conhecer a malícia. No entanto, é nos relatos evangélicos do batismo de Jesus que encontramos a associação cristã definitiva do símbolo da pomba e do Espírito Santo. Todos os quatro Evangelhos se referem ao batismo de Jesus por João no rio Jordão, mas enquanto Mateus, Marcos e João diriam que o Espírito desceu do céu “como uma pomba” (uma formulação muito aberta à interpretação), Lucas prefere dizer o Espírito “desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba” (Lc 3,22), aparentemente levando a “metáfora da pomba” um passo adiante.
Uma vez aceita como emblema evangélico do Espírito Santo, a pomba seria então colocada acima da cabeça de Maria, descendo também do Céu no momento da Anunciação na arte (e às vezes alegoricamente ocuparia o lugar da própria Virgem, por causa das conexões que o Cântico dos Cânticos faz entre a pomba e a noiva escolhida sobre todas as outras mulheres), bem como em algumas representações do Pentecostes.
via Aleteia
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