De maneira lamentável (profundamente e assustadoramente lamentável), há muitos católicos que não entendem a diferença entre política e dinâmicas partidárias. Assim, tampouco entendem o significado da separação entre Igreja e Estado, confundindo-a com uma suposta (e absurda) separação total entre a Igreja e a política.
O termo “política” vem da palavra grega “pólis“, que significa “cidade“. Originalmente, a política é a “gestão da cidade”, da comunidade, da vida social, focada no bem comum. Essa gestão, obviamente, requer a participação de todos os cidadãos.
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“Política” é, portanto, o exercício do poder de decisão: seja o poder pessoal de decisão sobre a própria vida, seja o poder de participar nas decisões da própria comunidade. Todo ser humano é um ser político neste sentido.
Historicamente, esse poder de decisão tem sido terceirizado a “representantes” dos cidadãos. Na assim chamada “democracia”, esses representantes se organizam em partidos: trata-se de grupos que, em teoria, defendem propostas específicas de gestão da comunidade. Na prática, nem sempre é fácil saber qual é, exatamente, a proposta específica de cada partido para promover o real bem-estar da população; é bastante comum que os partidos digam xis e façam ípsilon, ou se aliem de maneiras pouco coerentes com as propostas que supostamente defendem. A partir dessa confusa “gestão da comunidade” feita pelos representantes do povo, surge no próprio povo a ideia errônea de que “política” é apenas a dinâmica partidária (ou partidarista), com todos os seus famosos “bastidores” onde não param de explodir escândalos de corrupção ou, pelo menos, de incompetência.
A dinâmica partidária é apenas um aspecto da política: não é “a” política.
O católico tem, primeiramente, o dever de entender essa diferença para, em seguida, exercer o dever de fazer a sua parte na boa gestão da comunidade. O bem comum, afinal, deve ser promovido por todos – e não apenas esperado de braços cruzados. Daí a fazer “politicagem” há uma grande diferença. O católico não faz “politicagem”. O católico participa da política. E de maneira claramente fiel à boa nova de Jesus Cristo, que nos assegurou que somos todos filhos de Deus Pai e nos convidou a “amar-nos uns aos outros como Ele nos ama”. Pois bem, isto exige um comprometimento com o bem comum.
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Durante uma audiência na Sala Paulo VI, no Vaticano, o papa Francisco foi perguntado sobre como deve ser o nosso compromisso evangélico no tocante à sociedade e, por conseguinte, à vida política.
O Santo Padre respondeu com clareza:
Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão. Nós, cristãos, não podemos nos fazer de Pilatos e lavar as mãos. Não podemos! Devemos nos envolver na política porque a política é uma das formas mais elevadas da caridade, porque ela procura o bem comum.
Os leigos cristãos devem trabalhar na política.
A política está muito suja, mas eu me pergunto: está suja por quê? Porque os cristãos não se envolveram nela com espírito evangélico? É uma pergunta que eu faço.
É fácil dizer que a culpa é dos outros… Mas eu, o que eu faço? Isto é um dever! Trabalhar pelo bem comum é um dever do cristão.
Prefere ouvi-lo da boca do próprio Santo Padre? Então ouça:
via Aleteia
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