São José de Anchieta deixou para nós como legado um maravilhoso poema sobre o sofrimento da Virgem Maria na paixão e morte de Jesus Cristo.
São José de Anchieta, o “Apóstolo do Brasil”, homem de profunda devoção mariana, deixou para nós um lindo poema sobre o sofrimento da Santíssima Virgem Maria na paixão e morte de seu Filho Jesus Cristo. O poema “Compaixão da Virgem na morte do Filho”, ou “Poema à Virgem”, como ficou também conhecido, foi escrito por Anchieta em homenagem a Nossa Senhora durante o tempo de cativeiro que viveu, preso pelos dos índios Tamoios. Meditar sobre o sofrimento de Jesus e de Maria é significativo, especialmente no tempo quaresmal. Neste poema do Padre Anchieta, somos levados a refletir com ele sobre o sofrimento da Virgem Mãe de Deus no mistério da paixão e morte de seu Filho:
Por que ao profundo sono, alma, tu te abandonas, e em pesado dormir, tão fundo assim ressonas? Não te move a aflição dessa mãe toda em pranto, que a morte tão cruel do filho chora tanto?
Nossa Senhora, a mulher das dores, compartilha os sofrimentos de seu Filho, o homem das dores, experimentado nos sofrimentos (cf. Is 53, 3). Os sofrimentos de Jesus Cristo, os maus tratos, as humilhações, o desprezo, a flagelação, os tormentos, e principalmente o escândalo da Cruz vivido pelo Filho, são também os padecimentos suportados pela Virgem Maria, expressos na poesia de Anchieta:
Se o não sabes, a mãe dolorosa reclama para si quanto vês sofrer ao filho que ama. Pois quanto ele aguentou em seu corpo desfeito, tanto suporta a mãe no compassivo peito.
O sacrifício do Filho do Altíssimo no altar da Cruz foi também o sacrifício da Mãe de Deus. No Calvário, Nossa Senhora diz novamente aquele sim que disse à vontade do Pai na Anunciação (cf. Lc 1, 38). O oferecer-se de Cristo ao Pai em sacrifício pelos nossos pecados foi também a entrega em sacrifício de Maria, por amor de toda a humanidade:
Mas a fruta preciosa, em teu seio nascida, à própria boa mãe dá para sempre a vida, e a seus filhos de amor que morreram na rega do primeiro veneno, a ti os ergue e entrega.
O coração de Jesus Cristo, transpassado pela lança (cf. Jo 19, 34), era também o coração da Virgem Maria, transpassado pela dor de Mãe pela morte do seu único Filho. A vida do Filho de Deus, totalmente entregue à vontade do Pai, era a mesma vida da Virgem Mãe, que entregou-se inteiramente ao desígnio do Altíssimo:
Sucumbiu teu Jesus transpassado de chagas, ele, o fulgor, a glória, a luz em que divagas. Quantas chagas sofreu, doutras tantas te dóis: era uma só e a mesma a vida de vós dois!
O coração de Cristo, transpassado de dor, é também o coração de Nossa Senhora, transpassado de amor por nós. Este coração, de Jesus e de Maria, é para nós morada de paz no mundo e torrente de Água Viva (cf. Jo 4, 10) que jorra para a vida eterna. Peçamos a Virgem Maria abrigo no coração chagado de Jesus, para que nele sejamos curados (cf. Is 53, 5). Supliquemos a ela que sejamos purificados nesta fonte de Água Viva que jorra do coração de seu Filho e do seu coração de Mãe:
Ó morada de paz! sempre viva cisterna da torrente que jorra até a vida eterna! Esta ferida, ó mãe, só se abriu em teu peito: quem a sofre és tu só, só tu lhe tens direito.
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Meditemos com Padre José de Anchieta sobre as dores, os sofrimentos, da Santíssima Virgem Maria, especialmente na Quaresma, tempo de conversão e de encontro com Deus. Nos confiemos à intercessão do Santo “Apóstolo do Brasil”, para que o nosso coração esteja no Coração de Cristo. Também roguemos a Virgem Maria para que, por nossos sofrimentos, nos unamos aos seus sofrimentos e aos sofrimentos do seu Filho na Cruz. São José de Anchieta, rogai por nós! Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!
via Canção Nova
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