As homenagens que marcam o encerramento das celebrações em memória aos 26 anos de falecimento da Irmã Dulce acontecem nesta terça-feira (13), às 9h, no Santuário da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, no Largo de Roma, com uma missa presidida pelo arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger.
A casa está sendo preparada para receber os fiéis. Embora a homenagem seja a ela, nas laterais do santuário, aos pés das imagens dos santos e no túmulo da irmã Dulce, poucas flores. Nada que chame muita atenção, sem roubar o protagonismo da Quaresma, quando a igreja se veste de roxo até a Páscoa.
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Muitos fiéis chegam de outras cidades, até mesmo de outros estados, vindos para agradecer alguma graça alcançada ou rogar para que a Irmã interceda por eles. São vários os relatos de fé e cura que podem ser ouvidos por qualquer um que permaneça por mais de 10 minutos nos corredores do santuário.
Canonização
São muitos as graças atribuídas a Irmã Dulce. Impossível contar. Três delas, no entanto, têm ajudado no processo de canonização da freira. Um processo que, de acordo com Osvaldo Gouveia, assessor de Memória e Cultura das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), é lento, cuidadoso e complexo. Mas há um boa notícia em relação a isso.
Osvaldo conta que há dois meses uma das três graças da Irmã teve a validação jurídica do Vaticano. Um passo a mais no processo de reconhecimento que pode levar à freira à santa. Isso significa dizer que dentro dos trâmites legais para o processo estava tudo certo com um dos relatos.
Desde 2011 quando foi beatificada, todos as graças atribuídas a ela foram registradas. Dos 10 mil relatos, apenas três tinham características de um possível milagre. O assessor explica que, para ser considerado um milagre, a graça precisa ser espontânea, perfeita, duradoura e preternatural, como aquele que aconteceu na cidade sergipana de Itabaiana, quando uma mãe se recuperou de uma hemorragia após o parto.
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Espontânea porque acontece de forma rápida, repentina; perfeita porque em casos de saúde, por exemplo, a enfermidade é curada, sem sequelas; duradora porque o fiel, ainda se tratando de casos de saúde, não apresenta uma regressão no quadro cliníco, e, por último, preternatural porque o fato sobrepõe a natureza, algo comparado ao sobrenatural, que acontece sem muitas explicações.
"Quando a ciência sai, a fé entra. Quando a academia chega à conclusão de que não há explicação para o campus do conhecimento humano, da medicina, a fé entra para justificar os acontecimentos", afirma o assessor.
Agora o próximo passo para canonização é a análise da graça por teólogos e cientistas. Depois disso, só o Papa Francisco pode dar um veredito final após uma reunião com os cardeais. Processo que pode demorar, dois, três, quatro, dez anos, segundo o assessor. " Daqui pra frente já não nos cabe mais prever", conclui.
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Mas se depender da feira Olívia, e todos os baianos, Irmã Dulce já é santa. Sempre foi, na verdade, para a devota. Seu primeiro contato com ela foi ainda na adolescência, quando fazia um curso de enfermagem. A freira morava em Sergipe e veio a Salvador para conhecer, na companhia da sua turma de enfermagem, as obras da Irmã. Do encontro, lembra bem o momento que recebeu a missão de seguir uma vida simples, de amor e compaixão pelo próximo, assim como foi a de Jesus e da Irmã Dulce também.
"Quando a vi pela primeira vez ela estava de costa, arrumando um galinheiro. Eram 20 mocinhas e ela passou por todas. De todas as meninas, eu fui a única que ela puxou e disse 'você fica comigo'. Me arrepiei toda e comecei a chorar sem explicação", relembra. A freira Olívia ficou, as obras da Irmã Dulce também, e ela conta que se sente na obrigação de continuar ajudando.
Cura
A aposentada Maria Alice Carvalho dos Santos, 80 anos, conhece boa parte dos relatos. Afinal, a sua missão como voluntária é de receber e ouvir os recém-chegados. Além disso, ela também é protagonista de uma história de fé.
Seu neto, na época com apenas 4 anos, sofria de um grave problema no pulmão. Uma infecção. A medicina já não estava dando muito jeito na enfermidade do pequeno. Foi aí que a aposentada decidiu chamar por Irmã Dulce. Foi atendida. Dulce, contam, nunca deixou ninguém desamparado. O neto foi curado após uma cirurgia e, atualmente, com 18 anos, diz orgulhosa a avó, dá seus primeiros passos na carreira da engenharia.
"Nenhum médico descobria a causa da enfermidade dele. Ele tomava bastante antobiótico mas nada fazia efeito. Ele sofreu muito, mas eu sempre pedi a Irmã Dulce 'Irmã, cure meu neto, pelo amor de Deus. A fé que eu tenho nela é tão grande que consegui. Sou grata pelo resto da minha vida", conta.
"Nenhum médico descobria a causa da enfermidade dele. Ele tomava bastante antobiótico mas nada fazia efeito. Ele sofreu muito, mas eu sempre pedi a Irmã Dulce 'Irmã, cure meu neto, pelo amor de Deus. A fé que eu tenho nela é tão grande que consegui. Sou grata pelo resto da minha vida", conta.
Nesta segunda, durante mais um dia de voluntariado no santuário, a aposentada teve a chance de ouvir uma história parecida com a sua, da empresária Gisele Souza, 58.
Era 22 de maio de 2011 e a empresária estava na sala de casa, na cidade de Senhor do Bonfim, no centro-norte baiano. Pela televisão ela assistia a beatificação da Irmã Dulce. Naquele domingo chuvoso, Gisele pediu com muita fé para que sua neta tivesse a visão de um dos olhos curada. - a pequena nasceu com um retardamento na visão.
No dia seguinte, a pequena tinha uma consulta marcada com um oftomologista. Ele daria um diagnóstico para aquela enfermidade. Não precisou. A menina, de uma forma que nem o especialista conseguiu entender, estava enxergando perfeitamente, afirma a avó. Desde então, ela vem a Salvador para agradecer e, recentemente, acompanhar uma amiga que sofre com um câncer.
"Era muita chuva, eu não esqueço disso. Eu pedi para que ela libertasse aquilo do olho da minha neta, porque ela e a gente sofria. A consulta estava marcada para o dia seguinte e pedi para que o médico pudesse dar um notícia positiva. Foi o que aconteceu", lembra.
via Correios 24 horas
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