Motivados por acontecimentos
recentes envolvendo a utilização de símbolos religiosos da fé católica em
manifestações isoladas e exposições “artísticas”, os bispos que integram o
Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), elaboraram
a mensagem ao povo brasileiro, divulgada em Coletiva de Imprensa, realizada na
sede da entidade, dia 26/10.
No documento, os bispos
reconhecem que “em toda sua história, a Igreja sempre valorizou a cultura e a
arte, por revelarem a grandeza da pessoa humana, criada à imagem e semelhança
de Deus, fazendo emergir a beleza que conduz ao divino”.
Contudo, recentemente, a
mensagem destaca que “crescem em nosso meio o desrespeito e a intolerância que
destroem esta harmonia, que deve marcar a relação da arte com a fé, da cultura
com as religiões. Se, por um lado, a arte deve ser livre e criativa, por outro,
os artistas e responsáveis pela promoção artística não podem desconsiderar os
sentimentos de um povo ou de grupos que vivem valores, muitas vezes, revestidos
de uma sacralidade inviolável”.
Integram o Conselho
Permanente da CNBB, a presidência da entidade, os bispos presidentes das
Comissões Episcopais Pastorais (Consep) e os bispos presidentes dos 18 regionais
da CNBB.
Confira, abaixo, a íntegra
do documento.
MENSAGEM DA CNBB MENSAGEM DA
CNBB
Vencer a intolerância e o
fundamentalismo
“E Deus viu tudo quanto
havia feito, e era muito bom” (Gn 1,31)
Os bispos do Conselho
Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunidos em
Brasília de 24 a 26 de outubro de 2017, dirigem esta mensagem ao povo
brasileiro, diante de recentes fatos que, em nome da arte e da cultura,
desrespeitaram a sexualidade humana e vilipendiaram símbolos e sinais
religiosos, dentre eles o crucifixo e a Eucaristia, tão caros à fé dos
católicos.
Em toda sua história, a
Igreja sempre valorizou a cultura e a arte, por revelarem a grandeza da pessoa
humana, criada à imagem e semelhança de Deus, fazendo emergir a beleza que
conduz ao divino. “A arte é como uma porta aberta para o infinito, para uma
beleza e para uma verdade que vão mais além da vida quotidiana” (Bento XVI –
2011). O mundo no qual vivemos, ensina Paulo VI, precisa de beleza para não
cair no desespero (Cf. Mensagem aos Artistas – 1965).
Reconhecemos que “para
transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte”
(São João Paulo II – Carta aos artistas 1999). Somos, por isso, agradecidos aos
artistas pela infinidade de obras que enriquecem a cultura, animam o espírito e
inspiram a fé. Merecem destaque a pintura, a música, a arquitetura, a escultura
e tantas outras expressões artísticas que ressaltam a beleza da criação, do ser
humano, da sexualidade, e o espírito religioso do povo brasileiro. Arte e fé,
portanto, devem caminhar unidas, numa harmonia que respeita os valores e a
sensibilidade de cada uma e de toda pessoa humana na sua cultura e nos seus
valores.
Lamentavelmente, crescem em
nosso meio o desrespeito e a intolerância que destroem esta harmonia, que deve
marcar a relação da arte com a fé, da cultura com as religiões. Se, por um
lado, a arte deve ser livre e criativa, por outro, os artistas e responsáveis
pela promoção artística não podem desconsiderar os sentimentos de um povo ou de
grupos que vivem valores, muitas vezes, revestidos de uma sacralidade
inviolável. O desrespeito e a intolerância, por parte de artistas para com
esses valores, fecham as portas ao diálogo, constroem muros e impedem a cultura
do encontro. Preocupam, portanto, o nível e a abrangência destas intolerâncias
que, demasiadamente alimentadas em redes sociais, têm levado pessoas e grupos a
radicalismos que põem em risco o justo apreço pela arte, a autêntica liberdade,
a sexualidade, os direitos humanos, a democracia do País.
Vivemos numa sociedade
pluralista, por isto, precisamos saber conviver com os diferentes. Isso,
contudo, não subtrai à Igreja o direito de anunciar o Evangelho e as verdades
nele contidas, a respeito de Deus, do ser humano e da criação. Em desacordo com
ideologias como a de gênero, é nosso dever ressaltar, sempre mais, a beleza do
homem e da mulher, tais como Deus os criou, bem como os valores da fé,
expressos também nos símbolos religiosos que, com sua arte e beleza, nos
remetem a Deus. Desrespeitar estes símbolos é vilipendiar o coração de quem os
considera instrumentos sagrados na sua relação com Deus, além de constituir
crime previsto no Código Penal.
Animamos a sociedade
brasileira a promover o diálogo e o encontro, por meio dos quais as pessoas, em
suas diferenças, respeitam e exigem respeito, e permitem sentir a riqueza que
cada um traz dentro de si.
Nossa Senhora Aparecida, Mãe
e Padroeira dos brasileiros, nos ensine o caminho da beleza e do amor, da
fraternidade e da paz.
Brasília, 26 de outubro de
2017.
Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da
Bahia
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Via CNBB
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