Chegou ao fim a fase diocesana do processo de canonização de Irmã Lúcia de Jesus, uma dos três videntes de Fátima. Após a sessão de encerramento realizada na segunda-feira, 13 de fevereiro, em Coimbra (Portugal), mais de 15 mil páginas de documentação seguem agora para a Congregação das Causas dos Santos, no Vaticano.
A sessão solene de encerramento da fase do Inquérito Diocesano do Processo de Beatificação e Canonização da Serva de Deus Lúcia de Jesus aconteceu no Carmelo de Santa Teresa de Coimbra, onde a religiosa viveu durante décadas e onde morreu, em 2005.
O Bispo de Coimbra, Dom Virgílio Antunes, presidiu a sessão que, segundo ele, “era ardentemente desejada por muitas pessoas do mundo católico”, pois Ir. Lúcia é uma “pessoa notória na história de Fátima”.
“O inquérito que hoje se encerra é fruto de muito trabalho, generosidade e muito amor à Igreja”, disse o Prelado, conforme indicou o site do Santuário de Fátima. Ele também agradeceu ao Papa emérito Bento XVI, o qual concedeu uma dispensa, em 2008, em relação ao período de cinco ano de espera estipulado pelo Direito Canônico para abertura do processo.
Dom Virgílio citou ainda o apoio recebido pelo Santuário de Fátima e pela Diocese de Coimbra. Além disso, explicou que estiveram envolvidos, entre outros, 2 bispos, 2 postuladores, 3 vice-postuladores, 8 pessoas que integraram a comissão histórica e 61 testemunhas – entre as quais 1 cardeal, 4 bispos e 34 leigos, cujas declarações e trabalhos resultaram em um processo de 15.483 páginas.
“Damos graças a Deus por toda a vida da Irmã Lúcia e por fechar o processo”, afirmou o Bispo, ressaltando que este “processo não significa uma decisão, mas sim uma recolha de provas, das atitudes praticadas em grau heroico”.
O postulador do processo, o sacerdote carmelita Romano Gambalunga, também participou da sessão, que incluiu uma série de juramentos dos responsáveis envolvidos, a assinatura dos decretos e atas, os quais foram selados e lacrados.
Pe. Gambalunga salientou algumas características de Irmã Lúcia, tais como “a sua grandeza, humildade, a simplicidade de se deixar guiar, a liberdade de espírito, a luz da oração, a alegria de se saber na graça de Deus”.
“Bem-aventurados os puros de coração”, declarou o postulador, acrescentando que “Lúcia era mesmo isso, uma mulher de coração puro, com uma missão grandiosa no século XX”.
Logo após a sessão solene, Dom Virgílio Antunes presidiu a Santa Missa. Em sua homilia, assinalou que “ao dar às suas notas pessoais o título ‘O Meu Caminho’, a Irmã Lúcia manifesta o seu desejo de fazer de toda a sua vida um seguimento fiel de Cristo como discípula, e de permanecer na alegria do Evangelho como testemunha das misericórdias do Senhor, com Maria e a Igreja”.
Processo segue no Vaticano
Após a conclusão da fase diocesana do processo, é elaborada a ‘Positio’, com relatos e estudos realizados pela comissão jurídica, por um relator nomeado pela Congregação para a Causa dos Santos. Sendo esse levantamento de informações aprovado pela Santa Sé, o servo de Deus é proclamado venerável.
A segunda etapa do processo consiste no exame dos milagres atribuídos à intercessão do “venerável”; se um destes milagres é considerado autêntico, ocorre, então, a beatificação. Em seguida, é necessário se verificar outro milagre devidamente reconhecido, para que o beato seja proclamado santo.
A Irmã Lúcia de Jesus, uma das três crianças que presenciaram a aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria entre maio e outubro de 1917, viveu 57 anos de vida carmelita e está sepultada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Fátima.
Via Aci
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