“Depois que você fizer o seu primeiro aborto, vá para casa e faça piadas. Relaxe, conte que ‘hoje você foi matadora’ e dê risada com as suas amigas”.
Este é o conselho de “uma garçonete de Minneapolis”, cujo improvável nome é Madeleine Roe [ndr: Roe versus Wade é o nome do famoso caso judicial que levou à legalização do aborto nos EUA na década de 1970]. É ela quem oferece ao mundo as suas “20 dicas para o seu primeiro aborto”.
As “dicas”, publicadas no site feminista Paper Darts, dizem, por exemplo, que o aborto “não é lá grande coisa” (dica número 4), mas, contraditoriamente, dão a entender que a “conselheira” sabe muito bem que o aborto é “grande coisa” sim, como quando ela recomenda “beber pesado” e, logo no “conselho” seguinte, reitera: “Beba mais um pouco”.
O estilo do texto tenta ser “leve”, mas o conteúdo não consegue esconder o próprio peso insuportável. O bebê que Madeleine Roenunca menciona assombra o artigo do início ao fim. O bebê quenunca é citado nas 20 “dicas” é o que os estudiosos chamam de “a presença de uma ausência”.
Madeleine Roe escreve na “dica” número 4:
“Agende a consulta. Não se ofenda quando notar que a pessoa ao telefone não está nem aí para você [ndr: a expressão original, em inglês, é mais chula]. Considere essa indiferença como um sinal de que o aborto não é grande coisa. Poderia ser uma limpeza dos dentes. Uma profunda limpeza dos dentes”.
E na “dica” 7:
“Vai custar uns 600 dólares. Considere o custo de criar um filho. Considere o custo daquele ingresso para o show da Beyoncé que você quase comprou. E vá com tudo”.
Pouco depois, na “dica” 10, ela “aconselha”:
“Se você não disser nada, você não vai ver nada durante o ultrassom”.
A propósito, já na “dica” 3, ela tinha recomendado fugir das pesquisas de imagens no Google:
“Evite ver imagens. Qualquer imagem. Mesmo que seja só um print de um desenho animado chamado ‘Olívia, o Ovário’. Elas não vão ajudar você em nada”.
A “dica” 12 é ainda mais gráfica:
“Sabe aquela tigela média que você usa para misturar massa de bolo? Essa tigela vai estar lá no quarto. Ela serve exatamente para o que você está pensando”.
Raramente os abortistas falam tão graficamente sobre a realidade. Estou me referindo àquelas pessoas ideologicamente comprometidas com o aborto. Os abortistas preferem deixar aquela tigela fora da conversa. Eles falam de “direitos”, “escolha” e “empoderamento”, para desviar as atenções de todos para longe da realidade concreta.
Mas quando a “livre, leve e solta” Madeleine Roe aconselha a “beber pesado”, ela revela que os abortistas sabem muito bem que a “coisa” que eles querem eliminar é uma criança.
Você não “bebe pesado” e depois “bebe mais um pouco” depois de uma profunda limpeza dos dentes. Por mais que Madeleine Roe tente manter a criança “invisível” ao longo dos seus “conselhos”, a criança está lá, bem presente, o tempo todo. Madeleine Roe sabe muito bem quem a leitora-alvo enxergaria se olhasse para o ultrassom.
Algumas pessoas podem conseguir se convencer de que a “coisa” não é um bebê humano, porque uma mulher ou um homem podem cauterizar a própria consciência o suficiente para acreditar em qualquer coisa em que quiserem acreditar.
Mas o resto de nós, a grande maioria de nós, sabe que a “coisa” no útero é um menino ou uma menina. Madeleine Roe sabe, mesmo que ela não diga. As mulheres para quem ela está dando seus “conselhos” sabem. Se não, elas não precisariam desse “aconselhamento”.
As “20 dicas” de Madeleine Roe, publicadas num site feminista do tipo “fodão”, deixam claro por que o aborto vai continuar a ser causa de divisão na nossa vida pública, mesmo quando um presidente democrata norte-americano recheia o Supremo Tribunal com seis ou sete juízes “pró-direito de escolha”.
Madeleine Roe provavelmente nunca teve a intenção, e suas editoras feministas menos ainda, mas, ao dar “conselhos” tão gráficos às mulheres sobre o seu “primeiro aborto”, ela reafirmou com clareza o que todo o mundo sabe:
Fazer um aborto é matar uma criança.
Fonte: David Mills
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