Alessandro Paolo Bramanti é especialista em
engenharia eletrônica na Universidade de Pavia, Itália, onde fez o doutorado em
investigação. Posteriormente doutorou-se em física da matéria na Universidade
de Salento.
Ele trabalha para uma multinacional no campo
da nanotecnologia, publicou numerosos trabalhos e é co-inventor de patentes
internacionais em sua especialidade.
Também estudou o Santo Sudário e no ano 2010
publicou com o Dr. Daniele De Matteis o livro Sacra Sindone. Un mistero
tra scienza e fede (Santo Sudário: um mistério entre ciência e fé).
Em entrevista ao jornal “La Croce”, ele
argumentou em favor da afirmação de que “o homem do Santo Sudário é Jesus
de Nazaré”.
Pergunta:
Para muitos o Santo Sudário é uma prova da ressurreição de Cristo. O senhor é
homem de ciência. Por que o Santo Sudário é tido como um milagre por muitos
cientistas?
A ciência é como um explorador, livre para se
mover num país – o das leis naturais – que é grande, mas não infinito, porque
está rodeado por um muro que ela não pode superar com suas forças.Alessandro
Paolo Bramanti: O milagre é uma exceção às leis da natureza. E, posto que
todo o mundo material deve obedecer às leis naturais sem possibilidade de
ignorá-las ou modificá-las, o milagre postula uma intervenção superior, quer
dizer, da parte do autor das próprias leis naturais.
Mas se o explorador, por causa dessa
incapacidade, afirmasse que não há nada além do muro, adotaria uma conduta
irracional e, em último caso, um pouco ridícula.
Consideremos o Santo Sudário. É um objeto
material e, enquanto tal, obedecendo sem dúvida alguma às leis naturais…
incluindo as de envelhecimento e sensibilidade ao calor, por exemplo, como
infelizmente constatamos na cor amarelada do linho e nas queimaduras dos
incêndios a que esteve exposto ao longo dos séculos.
Sem embargo, também está marcado por uma
intervenção exterior; algo que não provém da matéria, inclusive onde os fatores
materiais deixaram uma marca profunda. Essa dupla imagem sanguínea é inexplicável
à luz de qualquer fenômeno físico conhecido.
Pergunta:
Vamos aos pormenores. O Santo Sudário analisado pela engenharia …
Um corpo sem vida aparece como que
“fotografado” no Santo Sudário. E sem dúvida é assim, pois apresenta os sinais
do rigor mortis (rigidez da morte), excluindo qualquer hipótese de coma ou
morte aparente.
Mas um corpo sem vida não pode deixar
pegadas, nem sequer algo vagamente similar a isso. E em toda a natureza não há
nada de comparável. Por essa razão, muitos cientistas admitem honestamente o
inexplicável do Santo Sudário.
Até agora todas as tentativas de imitação do
Santo Sudário resultaram em fiasco, inclusive, portanto, uma análise
superficial, sendo muito interessante observar a obstinação dos céticos.
Eles caçoam da credulidade daqueles que
acreditam que o Santo Sudário é autêntico, mas logo perdem muito tempo e
recursos tentando fabricar um igual, só para demonstrar que é falso! Dir-se-ia
que no fundo eles estão carcomidos pela dúvida.
Bramanti: Se o Sudário não é autêntico,
deve ter sido feito por um falsificador experiente, desejoso de se enriquecer
com o comércio de relíquias falsas. Aliás, esta é a teoria daqueles que negam a
autenticidade do Santo Sudário: um fabricante imaginário de relíquias, que se
mantém no anonimato por razões óbvias, forjou o objeto em sua oficina para
vendê-lo logo, talvez junto com muitos outros, numa espécie de mercado negro do
sagrado, fazendo acreditar que é genuíno.
Esse personagem provavelmente considerava o
Sudário como sua obra-prima, a culminação de sua carreira como falsário
sacrílego!
Mas o engenheiro é uma espécie de inventor
especializado: sua atitude é de quem desenha e constrói aplicando as leis
naturais em seu benefício…
Diante do Santo Sudário, tenta imaginar qual
foi o engenhoso método de fabricação por meio do qual o falsificador conseguiu
imprimir sobre o linho a imagem de um crucificado.
Especialmente o engenheiro doutorado em
física, ligado ao mundo do microscópico e do nanoscópico, é motivado
especialmente pela curiosidade…
Como é que a imagem do Sudário foi criada por
uma mudança na estrutura das fibras têxteis?
Com quais instrumentos e através de que
fenômeno físico se pode causar semelhante modificação?
No último século, abundantes estudos
científicos sobre o Santo Sudário apresentaram muitas hipóteses teóricas,
realizaram experimentos para denunciar sua falsidade e tentaram reproduzi-lo.
Mas ninguém obteve resultados satisfatórios… A ciência reconhece-se vencida…
Porém, fica sempre uma pergunta: se parece
inconcebível fabricar um objeto tão refinado com o conhecimento atual, qual é a
possibilidade de que tenha existido um suposto falsificador?
Pergunta:
Alguns, no entanto sustentam que não somos capazes de reproduzir muitas obras
de arte do passado, e nem por isso se diz que sejam milagres …
Bramanti: Há uma diferença profunda.
Conhecemos bem a natureza física dessas obras de arte: elas são “simplesmente”
capas de substâncias coloridas depositadas sobre o lenço, ou “simplesmente”
blocos de pedra entalhada, modelada. A singularidade dessas obras é de ordem
artística, não científica. Porém nós não sabemos qual é a natureza física do
Santo Sudário.
Pergunta:
O Santo Sudário do ponto de vista da Física…
Bramanti: O físico considera a teoria
científica que seja capaz de explicar todos os dados. Mas neste caso a ciência
encontra-se na escuridão, anda às apalpadelas.
Então, só ficam duas atitudes possíveis.
Primeira. O físico adota a objeção clássica
dos céticos: talvez de futuro possamos explicar a existência do
Sudário de modo científico. Então constataremos que ele foi o resultado de uma
combinação de elementos físicos muito pouco provável, mas inteiramente natural. Pode
ser…
Este “pode ser” na mente de muitos
céticos converte-se até num cômodo “sem dúvida”, com o qual eles se
aferram à ilusão de ter liquidado o problema.
Segunda. O físico que considera os dados como
um todo. Então percebe que o Sudário foi estudado mais do que qualquer
outro objeto no mundo por um número impressionante de especialistas de
diferentes disciplinas. E que todos os dados convergem para dizer que a
gente está diante do autêntico lençol que envolveu a Cristo…
Neste ponto, se a mente do físico não é
suficiente, ele deve assumir a mente do homem cuja capacidade supera com
superioridade a mera ciência.
O homem do Santo Sudário é Jesus de Nazaré.
Esse homem é o único de quem se anunciou durante mais de dois mil anos até hoje
que ressuscitou.
E sua ressurreição, por tudo quanto se sabe,
não foi discutida, nem logo após a sua morte. O anúncio foi feito antes [no
antigo Testamento]. Isso é assim e de tal maneira, que naquela noite, no
túmulo, soldados romanos fizeram guarda para evitar um simulacro de
ressurreição.
O Santo Sudário de Turim leva a impronta
desse homem, uma marca que fala não só de sua morte, mas também de uma
misteriosa subtração à morte.
É a imagem de um cadáver que desapareceu
antes de se corromper, deixando uma marca indelével. É uma imagem física única,
tão única como o próprio homem.
Mas se, mesmo diante das provas, a mente
humana recusa a priori a possibilidade de o Santo Sudário ser um
testemunho mudo da Ressurreição, ela age por uma escolha deliberada que
nada tem a ver com a ciência.
Luis Dufaur
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