Depois da polêmica da retirada de crucifixos
em prédios públicos, um novo imbróglio religioso chegará às mãos da Justiça.
É que a prefeitura de Florianópolis decidiu
entrar com ação contra a lei que obriga escolas a manterem exemplares da Bíblia
em suas bibliotecas.
A alegação é de que a lei fere o princípio de
“Estado laico”.
O Estado laico é aquele que não tem um credo
oficial, nem permite que a religião o conduza ou subjugue.
O Estado laico é neutro, mas não é antirreligioso.
Muito pelo contrário.
Nossa constituição, a mesma que define nosso
Estado como laico, não só confere liberdade de culto, como assegura prestação
de assistência religiosa nas prisões, nas escolas, institui o casamento
religioso e criminaliza qualquer desrespeito às crenças e seus símbolos
sagrados. E para sacramentar de vez que o Estado Brasileiro não é
antirreligoso, a nossa Constituição Federal foi promulgada “sob a proteção de
Deus”. E Deus com “D” maiúsculo.
Aí, eu pergunto: Como pode uma Bíblia numa
biblioteca ferir a laicidade do Estado brasileiro?
Se para os cristãos ela é a escritura
sagrada, para os não- cristãos, a Bíblia não passa de um livro comum pendurado
numa estante, como milhares de outros.
Lê quem quer. Ninguém é obrigado. Mas, é
impensável que uma biblioteca que se preze, em qualquer lugar do planeta, não
tenha, sequer, um exemplar do livro mais lido, conhecido e vendido do mundo.
Num país como o Brasil, colonizado por
católicos, onde mais de 90 por cento da população se considera cristã, tirar de
estudantes, a opção de ler a Bíblia numa biblioteca chega a ser um
desrespeito, além de um atentado contra o direito à informação.
Se há uma caça aos símbolos sagrados,
particularmente os cristãos, porque não começamos por abater a imagem do Cristo
Redentor? Que tal demolir a enorme estátua para que ela não macule o Estado
laico? E quanto aos nomes de estados como São Paulo, Espírito Santo, Santa
Catarina? Valei-nos! Vamos renomeá-los também. Baixem leis para atender à
demanda dos laicistas, para fomentar, ainda mais, a intolerância religiosa…
Ué? Mas intolerância religiosa é crime!
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