Com informações de Veja - Tradição de 81 anos na Paróquia São João
Maria Vianney, na Vila Romana, Zona Oeste de São Paulo, o badalar dos sinos
antes das missas nos domingos de manhã rendeu multa de 36 540 reais, aplicada
pelo Programa de Silêncio Urbano (Psiu). O motivo: o dispositivo foi tocado
dezesseis segundos além do permitido, na manhã do dia 30 de novembro, quando
duas fiscais constataram que os ruídos também chegavam a 80 decibéis às 9h50, o
que ultrapassou o limite permitido de 65 decibéis.
A aplicação da multa causou revolta entre
frequentadores da igreja e moradores da Vila Romana. Eles tentam descobrir quem
fez a denúncia ao Ministério Público Estadual no início de agosto. A partir
dessa reclamação, protocolada na Promotoria de Habitação e Urbanismo, os
fiscais da prefeitura foram duas vezes à igreja. No fim de agosto, o Psiu
chegou a alertar o sacristão Gilberto Barbosa, de 35 anos, sobre o problema.
Ele é o fiel responsável há dezesseis anos por puxar as cordas que badalam o
sino.
“No fim de agosto, vieram e disseram que
tinham recebido a denúncia do barulho. Mas em nenhum momento me orientaram, não
sabia que o sino só poderia tocar por 1 minuto”, argumenta o padre Raimundo
Vieira, de 44 anos, que comanda a igreja. “Quando voltaram, em novembro, já foi
para multar.”
O padre e moradores católicos vizinhos dizem
que a tradição de mais de oito décadas não pode ser interrompida.
“Pancadão pode, blocos de carnaval podem,
ensaios de escola de samba na rua, também. Eu não sou contra essas coisas. Acho
até que uma manifestação cultural como os blocos deve ser autorizada. Mas o
sino também é parte de uma tradição da comunidade”, defende o padre. “É aquela
velha história. Eles peneiram as moscas e deixam passar os camelos”,
acrescentou Vieira.
Vale lembrar, que em janeiro deste mesmo ano, o prefeito de São
Paulo, Fernando Haddad vetou projeto que proibia realização de bailes funk em
SP. Segundo o prefeito, o “funk é uma expressão legítima da cultura urbana
jovem, não se conformando com o interesse público sua proibição de maneira
indiscriminada nos logradouros públicos e espaços abertos.”
Pois é, um sino tocando em menos de um minuto
e meio é um atentado, mas uns funks horrorosos são expressões legitimas da
cultura urbana.