"Produza frutos de
amor e de paz". Esta foi uma das mensagens deixadas pelo padre Francisco
Carlos de Souza durante a última missa realizada no domingo (5), momentos antes
de sumir ao sair de
casa para realizar a segunda celebração do dia. O corpo do paróco foi encontrado no bairro do Stiep, em Salvador, na
tarde de segunda-feira (6), com diversas marcas de perfurações.
Abalados e com a
lembrança da última missa clara na memória, diversos fiéis foram nesta
terça-feira (7) até o Santuário Mãe Rainha, no bairro do Stiep, rezar pelo
padre. Com um caderno em mãos, a professor Luciana Goes levou anotadas as
palavras do padre, registradas por ela na última missa rezada por ele na manhã
de domingo.
"O que ficou bem
marcado para mim foi que ele disse que se Deus fosse um psicólogo, o problema
dele seria nós. Ele disse também que a gente não deve se encantar com coisas
materiais, mas sim em algo que valha a pena, que devemos produzir frutos de
amor e de paz. Ele focava na bondade e no desapego dos bens materiais. A missa
dele sempre lotava, tinha muita criança, às vezes as pessoas não tinham onde
sentar e ficavam assistindo do lado de fora, de dentro do carro", recorda
a psicóloga, que há dez anos frequentava as missas celebradas pelo religioso.
A hipótese de homicídio é
a principal linha de investigação adotada pela Polícia Civil para explicar a
morte. O corpo de Francisco Carlos de Souza está sendo velado no Cemitério
Campo Santo, no bairro da Federação, na capital baiana. Nenhum suspeito foi
detido até agora.
"Vai ser difícil
superar. Acho que nós só vamos conseguir superar com a fé mesmo. Vamos ficar
com a força que ele trazia para continuar o trabalho deixado por ele. É muito
difícil olhar para uma pessoa há pouco tempo e saber que não vai mais vê-la. É
muito bruto", completa a professora.
Sumiço
O corpo do padre foi encontrado na segunda-feira em um matagal no bairro de Stella Maris, na capital baiana. Ele sumiu quando saiu de casa para celebrar uma missa, no domingo.
O corpo do padre foi encontrado na segunda-feira em um matagal no bairro de Stella Maris, na capital baiana. Ele sumiu quando saiu de casa para celebrar uma missa, no domingo.
O corpo foi reconhecido
pelo advogado da igreja e pelo Padre Valter Reis, que faz parte da Paróquia
Nossa Senhora da Esperança. Segundo a polícia, o corpo de Francisco Carlos de
Souza foi encontrado com perfurações nas proximidades de uma praia.
Com base em depoimento
de testemunha que é colega da vítima, o padre se sentia inseguro após ter
registrado uma queixa denunciando desaparecimento de objetos. A Polícia Civil
trabalha para localizar esse registro policial. Mesmo com as evidências
iniciais indicando homicídio, a equipe não descarta o caso de latrocínio, roubo
seguido de morte.
Em nota de pesar, a
Arquidiocese de Salvador afirmou que Francisco Carlos de Souza foi ordenado
como sacerdote em 20 de setembro de 1999. Ele é natural de São João Del Rei,
cidade em Minas Gerais.
"Manifestamos a
seus irmãos e demais parentes, residentes em Minas Gerais, a expressão de nossa
unidade à sua dor. Agradecemos as manifestações de carinho de todos aqueles que
choram sua partida. Pedimos que todos se unam às nossas orações pelo descanso
eterno deste sacerdote amigo", afirmou em nota Dom Murilo Krieger,
arcebispo Primaz do Brasil.
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Fonte: G1