A Polícia Civil entrou com um pedido na
Justiça para quebrar o sigilo telefônico da auxiliar administrativa Jandira
Magdalena dos Santos, desaparecida desde o último dia 26 de setembro, quando
saiu para fazer um aborto. O objetivo dos policiais da 35ª DP (Campo Grande),
que assumiu as investigações do caso, é saber com quem a jovem falou nos
últimos dias antes de decidir interromper uma gravidez de três meses e duas
semanas. A quebra do sigilo permite ainda descobrir, por meio de sinais de
antenas telefônicas, os últimos lugares que ela frequentou antes de sumir.
Na última mensagem enviada para o
ex-marido, Leandro Brito Reis, Jandira não escondeu o medo ao deixar a
Rodoviária de Campo Grande, supostamente rumo a uma clínica de aborto. “Amor,
mandaram desligar o telefone, tô em pânico, ore por mim!”, escreveu. Duas horas
depois, Leandro enviou um SMS para ela, mas não teve mais resposta.
Um dia após o desaparecimento de
Jandira, policiais encontraram um corpo dentro de um veículo carbonizado,
abandonado em Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio. O corpo estava com
braços e pernas amputados e sem a arcada dentária. A família de Jandira deve
ser chamada, nos próximos dias, para fazer um exame de DNA, para saber se o
corpo é da jovem.
Suspeitos têm pedido
de habeas corpus negado
A Sexta Turma do Supremo Tribunal de
Justiça negou pedido de habeas corpus da técnica de enfermagem Rosemere
Aparecida Ferreira e o marido, o policial civil Edilson dos Santos, suspeitos
de integrar uma quadrilha especializada em abortos.
Os dois já haviam sido presos em
flagrante em março do ano passado, pelo mesmo crime, mas foram soltos pouco
tempo depois. Em fevereiro deste ano, a Justiça pediu a prisão preventiva dos
dois, que são considerados foragidos.
Os advogados de Rosemere e Edilson
negam a participação dos dois no desaparecimento de Jandira.
Leia
também:
Conselho de
Enfermagem investiga Rosemere, que é técnica de enfermagem
Em nota oficial, o Conselho Regional de
Enfermagem do Rio de Janeiro – Coren-RJ — informa que “Rosemere Aparecida
Ferreira, suspeita de chefiar uma clínica de aborto e envolvida no caso do
desaparecimento de uma gestante, é técnica de enfermagem, e não enfermeira”. O
conselho informa ainda que notificou a suspeita, mas não teve resposta, já que
ela está foragida. O Coren informou também que vai cobrar explicações de Rosemere
sobre as acusações. Confira a nota na íntegra:
O Conselho Regional
de Enfermagem do Rio de Janeiro – Coren-RJ - informa que de Rosemere Aparecida
Ferreira, suspeita de chefiar uma clínica de aborto e envolvida no caso do
desaparecimento de uma gestante, é TÉCNICA DE ENFERMAGEM e não ENFERMEIRA.
O Coren-RJ já expediu
notificação desde a semana passada para o endereço de cadastro de Rosemere
Aparecida Ferreira, e também enviou fiscais até sua residência. Porém, a
técnica de enfermagem está foragida.
Rosemere Aparecida
Ferreira terá o direito a ampla defesa e do contraditório durante o processo
ético que já foi iniciado. Se for provado que a profissional é realmente
culpada pelos crimes dos quais a polícia investiga, a penalidade imposta pelo
Plenário do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro será a sumária
cassação de seus direitos ao exercício profissional da enfermagem.
Entenda o caso:
Jandira, de 27 anos, está desaparecida
desde o dia 29 de agosto. De acordo com os parentes da jovem, ela decidiu
interromper uma gravidez de três meses e duas semanas e conseguiu, por meio de
amigas, o contato de Rose, que seria responsável por administrar uma clínica
clandestina de aborto. Segundo o ex-marido dela, Leandro, Jandira pediu para
ser levada naquele dia à Rodoviária de Campo Grande, local que teria sido
escolhido como ponto de encontro para que ela fosse encaminhada até a clínica.
Segundo ele, o carro que foi buscá-la — um Gol branco, de quatro portas — era
conduzido por uma mulher magra, de cabelos louros, que teria lhe dito para
esperar na rodoviária que a jovem seria levada de volta ao mesmo local.
— Ela disse que dependia do caso, podia
demorar uma, duas horas ou até mesmo meia hora, e que era para eu ficar lá
esperando, que ela seria levada de volta — revelou Leandro, ao EXTRA.
Fonte: Extra