Papa Francisco |
Roma - A resposta para esta pergunta não é fácil. A verdade seria dizer sim e não. Sim, porque o Papa Francisco é um homem doente, possui problemas crônicos de saúde que nunca foram escondidos nem alardeados, mas simplesmente constatados: Desde os 21 anos vive com um só pulmão, há muito sofre com dores nas articulações dos pés e joelhos que deveriam impedi-lo de ajoelhar-se já há muitos anos e tem grande probabilidade de ser o ancião de 78 anos com menos tempo para si no mundo inteiro.
Não, o Papa não está doente gravemente, ao menos é o que garante a sala de imprensa do Vaticano. Ele é uma pessoa que tem deficiências de saúde, com as quais convive há muito tempo, como já foi dito. Mas o ritmo de vida que Bergoglio tem levado como Papa, não pode ser comparado em nada com a vida que tinha como arcebispo de Buenos Aires. Encontrar milhões de pessoas em audiências públicas e privadas, religiosos, reis, chefes de Estado, autoridades, visitar paróquias, grupos e outras realidades pastorais em Roma, dioceses na Itália e o que é mais cansativo, as viagens internacionais. Em resumo, o Papa não tem sossego!
Nos últimos dias difundiram-se boatos de que ele estaria muito mal pelo simples fato de as audiências e compromissos dele terem sido suspensos nos próximos dias. É bom prestar atenção a duas coisas: primeiro- quem está divulgando rapidamente tal boato é o grupo ao interno da própria Igreja insatisfeito com o modo de ser e agir do atual Pontífice. É hora de rezar por ele sim, como aliás ele sempre pediu a todos nós desde o primeiro instante da sua aparição em público. Mas além de rezar por sua saúde, é bom acrescentarmos a frase que se encontra na oração própria pelo Sumo Pontífice que diz, “o Senhor o conserve por longo tempo no governo da Santa Igreja e não o abandone nas mãos dos seus inimigos”.
A segunda coisa, é lembrar de que, na Europa e no Norte do mundo, estamos iniciando o verão, tempo das férias prolongadas. Será que não nos lembramos mais que João Paulo II e Bento XVI tiravam ao menos um mês de férias indo geralmente para a residência de verão em Castel Gandolfo? Ano passado, Papa Francisco não usufruiu do seu merecido e necessário tempo de descanso por vários motivos: tínhamos passado pelo impacto da renúncia de um Papa depois de tantos séculos, o novo eleito estava no trono de Pedro há poucos dias já com uma agenda cheia, incluindo a Jornada Mundial da Juventude, o maior evento promovido pela Igreja atualmente.
Mas não tirar férias, traz muitas consequências, não só para a pessoa do Papa. Ele não faz as coisas sozinho. São milhares de pessoas que colaboram com seu ministério pastoral em vários campos: segurança, saúde, diplomacia, tradução, celebrações e eventos, viagens, limpeza, infra- estrutura, etc. Algumas destas pessoas são voluntários, mas na maioria são empregados assalariados com direito a férias como as pessoas normais. Essas pessoas têm família, devem cuidar da sua saúde, viajar, descansar… E não é justo nem legal mantê-las ocupadas 365 dias por ano, tirar-lhes o sagrado direito de repousar, conhecer novos lugares, conviver mais com a família, coisas que o período de férias proporciona. E disso o Papa também precisa. Ele já confessou que gosta de encontrar as pessoas, que não pode viver sozinho. Mas, se é bom encontrar desconhecidos, como ele faz quase todo dia, muito melhor será ainda se deixarmos o Papa ter o direito de tomar seu chimarrão e conversar animadamente com seus parentes e velhos amigos que, tenho certeza são muitos. Creio que no momento sua maior doença seja mesmo falta de sossego, direito do qual, nem mesmo Jesus Cristo abdicou, fugindo da multidão e até dos discípulos. Deixemos o Papa em paz e enquanto isso, trabalhemos e rezemos por ele e por nós.
Frei Francisco Lopes, OFMCap
Sacerdote Franciscano Capuchinho, licenciado em Filosofia, pós-graduado em Comunicação social, Mestre e Doutorando em Teologia da Comunicação. É Secretário para a Língua Portuguesa na Cúria Geral dos Capuchinhos em Roma.
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