Quando o sofrimento bate à nossa porta, por vezes nos sentimos abandonados por Deus, pensamos estar sozinhos neste mundo.
Neste mundo passamos por sofrimentos, angústias, tribulações, e nestes momentos podemos nos sentir abandonados por Deus. Jesus Cristo, o Filho de Deus, também teve momentos de angústia, sofrimento, tribulação, mas mesmo assim entregou-se inteiramente à vontade do Pai. Jesus disse aos judeus: “não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 5, 30b). Cristo veio ao mundo, não para fazer a Sua vontade, mas a vontade do Pai que Lhe enviou. Ele tinha uma missão a realizar neste mundo e dedicou-se inteiramente a essa missão, ainda que para isso tivesse que desagradar os homens e a si mesmo. Como cristãos, somos chamados a seguir o caminho de Cristo, que passou por sofrimentos e perseguições (cf. Jo 5, 18), para realizar a vontade do Pai em nossas vidas.
Esta missão que nos foi confiada se parece com a que foi confiada por Deus ao Povo de Israel através do profeta Isaías: “Eu atendo teus pedidos com favores e te ajudo na obra de salvação; preservei-te para seres elo de aliança entre os povos, para restaurar a terra, para distribuir a herança dispersa” (Is 49, 8). O Senhor nos ajuda nesta obra de salvação. Ele nos preservou para ser, como Jesus Cristo, um elo de aliança entre os povos. A vontade do Pai é que sejamos esse elo de ligação entre Ele e Israel, o Povo de Deus.
O Senhor nos chamou para libertar aqueles que estão presos pelas cadeias do pecado (cf. Is 61, 1), para iluminar a vida daqueles que vivem nas trevas dos vícios, do distanciamento de Deus. Jesus foi perseguido justamente porque fazia tudo isso até mesmo no dia de sábado, que era um dia de descanso para os judeus. Hoje, os motivos das perseguições contra os cristãos certamente não são os mesmos, mas é o próprio Cristo que é perseguido em nós.
Diante das perseguições, dos sofrimentos por causa de Jesus Cristo, podemos pensar como os israelitas: “O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim!” (Is 49, 14). Em meio a estas tribulações, perseguições, sofrimentos, podemos achar que Deus nos abandonou. Porém, o Senhor nunca nos abandona. Ao contrário, nestes momentos é que Ele está ainda mais próximo de nós. Pois, através dos sofrimentos estamos ainda mais unidos à Cruz de Cristo.
Quando os sofrimentos e as perseguições baterem a nossa porta, podemos ser tentados a achar que Deus se esqueceu de nós. Porém, a Palavra de Deus nos garante que Ele jamais se esquece de nós: “Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti” (Is 49, 15). Não há maior amor humano do que o amor de uma mãe pelo seu filho. Esta jamais se esqueceria do seu filho. Mas, ainda que sejamos esquecidos pela nossa própria mãe, Deus não se esquece de nós.
Portanto, Deus Pai compara o Seu amor por nós com o amor de uma mãe. O Pai compara o seu amor por nós com o amor materno, de uma mãe para com o seu filho. Este amor de Deus por nós, paterno e materno, se manifestou a nós em Jesus Cristo e na Virgem Maria. Por isso, ainda que nos sintamos abandonados e esquecidos, acolhamos o amor do Pai, que se manifestou no seu Filho Jesus Cristo, pelo Espírito Santo, e o amor materno de Maria, que são reflexo do infinito amor de Deus por nós. Quando acolhemos o amor infinito de Deus por nós, manifestado a nós em Jesus e em Maria, acolhemos a graça do Espírito Santo que, transforma o sofrimento em amor redentor (cf. Papa João Paulo II, Carta Encíclica Dominum et Vivificantem, 40). Desse modo, fortalecidos pelo amor, dom do Espírito Santo, seremos capazes de fazer a vontade do Pai.
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