A Santíssima Virgem Maria é este coração orante e amoroso que se fez
presente desde os inícios da Igreja. Antes do Pentecostes, a Mãe da Igreja
já estava presente juntamente com os apóstolos e discípulos de Jesus (cf. At
1, 14). No Cenáculo em Jerusalém, Virgem de Pentecostes perseverava em
oração junto com a comunidade, à espera da vinda do Espírito prometido (cf.
At 1, 5). Esta presença orante e amorosa de Maria na Igreja nascente tem
muito a nos ensinar.
O ícone da Ascensão de Jesus ao Céu fixa o momento da ida do Senhor à
glória celeste, mas também nos mostra qual é o carisma e o lugar de Maria no
tempo da Igreja. A Virgem está de pé, com os braços abertos em atitude
orante, isolada do restante da cena pela figura dos dois anjos em vestes
brancas. Ao redor dela, os Apóstolos estão com um pé ou uma mão levantados,
em movimento, representando a Igreja ativa, que está em missão, que fala e
age. “Maria está imóvel, debaixo de Jesus, no ponto exato de onde ele subiu,
quase como para manter viva a sua memória e a sua espera” (Ranieno
Cantalamessa, Maria, um espelho para a Igreja, p. 131).
Para entender o carisma de Maria, nos voltamos para a vocação de Teresinha
do Menino Jesus. Tendo contato com a vocação de Paulo e com a sua descrição
dos carismas, ela teria desejado ser apóstolo, sacerdote, mártir. Tais
desejos a perturbavam constantemente, até que ela fez uma descoberta: “o
corpo de Cristo tem um coração, que move todos os membros e sem o qual tudo
pararia. E no auge de sua alegria exclamou: ‘No coração da Igreja, minha
mãe, eu serei o amor e assim serei tudo!’ O que descobriu Teresa naquele
dia? Descobriu a vocação de Maria. Ser, na Igreja, o coração que ama, o
coração que ninguém vê, mas que move tudo” (Idem, p. 131).
A importância de Nossa Senhora para a Igreja está justamente porque ela é o
coração daquela oração comum e perseverante (cf. At 1, 14), que ultrapassa
aquele pequeno grupo dos apóstolos e discípulos. Jesus tinha ligado o dom do
Espírito Santo com a oração: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas
boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu saberá dar o Espírito Santo
aos que lhe pedirem!” (Lc 11, 13). O Senhor ligou a vinda do Espírito com a
nossa oração, mas também e principalmente com a Sua oração: “E eu pedirei ao
Pai, e ele vos dará um outro Defensor” (Jo 14, 16a).
Através desses textos da Sagrada Escritura, concluímos que a dimensão
pneumatológica (que diz respeito ao Espírito) na oração na Igreja está
sempre ligada a Cristo e à comunidade orante reunida com a Virgem Maria. “A
oração dos apóstolos, reunidos no Cenáculo com Maria, é a primeira grande
epiclese (invocação do Espírito), é a inauguração da dimensão epiclética da
Igreja, daquele ‘Vem, Espírito Santo’ que continuará a ressoar na Igreja por
todos os séculos e que a liturgia irá antepor a todas as suas ações mais
importantes” (Idem, p. 137).
Assim, a Virgem Maria é o coração amoroso e orante da Igreja, que clama
pelo envio do Espírito Santo. Maria é o coração que ama, por isso se faz
presente em nossas comunidades, especialmente nos momentos de oração e na
liturgia. Unidos a Nossa Senhora, em comunhão com toda a Igreja, rezemos
confiantes e perseverantes, pedindo um novo batismo no Espírito (cf. At 1,
5). A Igreja começou sua missão com a comunidade reunida em perseverante
oração com a Virgem Maria (cf. At 1, 14) e do mesmo modo deve continuar, até
a segunda vinda de Cristo. Vem, Senhor Jesus! (cf. Ap 22, 20).
via Canção Nova
EVANGELIZE COMPARTILHANDO NAS REDES
SOCIAIS:
Comentários
Postar um comentário
Faça aqui seu comentário