A Virgem Maria, Mãe da Igreja, no desígnio divino de Salvação da humanidade.
Virgem Maria, Mãe da Igreja |
O “sim” da Virgem Maria, Mãe da Igreja, ao desígnio foi um ato de fé importantíssimo para o desígnio de salvação da humanidade. Pois, o “sim” da Virgem de Nazaré foi a abertura necessária para a Encarnação do Verbo, para o nascimento do Filho do Altíssimo (cf. Lc 1, 32). Por seu “sim” sem reservas à vontade do Pai, Maria foi digna de ser Mãe de Deus e Mãe da Igreja. O “sim” de Nossa Senhora, dito não somente por palavras, mas de todo coração, de corpo e alma, foi também a abertura para a maternidade espiritual dos filhos da Igreja.
Na concepção de Jesus, é exigido de Maria um ato de fé infinitamente maior do que o de Abraão. Pois, a Palavra de Deus que quer tomar carne em Maria precisa de um “sim” acolhedor, que seja dito por toda sua pessoa, corpo e espírito, sem qualquer resistência, oferecendo toda a sua natureza humana como lugar da encarnação. “Se no ‘sim’ de Maria tivesse havido a sombra de uma reserva, um ‘até aqui e não mais adiante’, a sua fé teria tido uma mancha e a criança não teria podido tomar posse de toda a natureza humana” (Hans Urs Von Balthasar, Maria, Primeira Igreja, p. 105). Este “sim” incondicional de Maria aparece mais claramente na aceitação do casamento com José e no abandono a Deus da conciliação do seu casamento com a sua nova missão (cf. Mt 1, 18-25).
A qualidade do “sim” de Maria e os dogmas a este relacionados, da sua virgindade e a sua concepção imaculada, dependem inteiramente de Cristo. A concepção imaculada de Maria é indispensável para a incondicionalidade do “sim”, pois se ela fosse tocada de alguma forma pela mancha original e suas consequências, não conseguiria uma tal abertura pura a qualquer disposição divina. A virgindade de Maria, por sua vez, assegura o fato de Jesus ter reconhecido apenas um pai, o Pai do Céu (cf. Lc 2, 49).
Esta virgindade motivada em Cristo tem seu sentido principal não numa integridade exclusivamente física e hostil ao sexo, integridade que em si própria tem importância religiosa, mas sim na maternidade de Maria. Para ser Mãe do Messias, que não pode ter outro Pai senão Deus, ela tem que ser envolvida pelo Espírito Santo e dizer seu “sim” abrangendo toda sua pessoa, corpo e alma. Esta virgindade adquirirá um novo sentido mais tarde na Igreja. Num seguimento longínquo de Maria, o cristão não dividido, santo de corpo e alma, consagrado a Deus, pode “cuidar das coisas do Senhor” (2 Cor 7, 34), numa espécie de maternidade espiritual, que o próprio Jesus prometeu àqueles que, numa fé pura, escutam a Palavra de Deus e a põe em prática (cf. Lc 8, 21).
Assim, a Virgem Maria é modelo de mãe, de abertura ao dom vida, mas também é paradigma de consagração total ao desígnio da Salvação da humanidade. Maria é modelo de vida dedicada a Deus e à Igreja, seja na vida oculta de Jesus em Nazaré (cf. Lc 2, 51), ou na oração perseverante com os apóstolos e discípulos no Cenáculo, em Jerusalém (cf. At 1, 14). Mas, a maior colaboração de Nossa Senhora na obra de seu Filho Jesus Cristo consiste na maternidade espiritual sobre todos os filhos da Igreja. “Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na anunciação e que manteve inabalável junto da Cruz, até à consumação perpétua de todos os eleitos. De fato, depois de elevada ao céu, não abandonou esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna [...]. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro e medianeira” (Catecismo da Igreja Católica, § 965).
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