O que Deus quer de mim?


O que Deus quer de nós? Esta é uma pergunta que precisamos nos fazer com o coração aberto para a vontade do Senhor.

A vocação de Jesus para nós expressa a vontade do Pai, aquilo que Deus quer para nós. Porém, o chamado de Jesus Cristo para nós pode implicar em contrariedades, sofrimentos, angústias, decepções. Pedro estava angustiado, decepcionado consigo mesmo por causa de suas fraquezas, por ter negado o Senhor por três vezes (cf. Jo 18, 17.25-27). 

O homem que Cristo escolheu para guiar a Igreja nascente estava sofrendo por causa das suas fraquezas, pela falta de coragem para seguir o Mestre. Talvez nos sintamos como Pedro, desanimados por causa de nossos fracassos, das nossas quedas, da nossa falta de fé. Mas, hoje o Senhor nos confirma em nossa vocação, como fez com o Apóstolo: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-17); e depois Jesus nos diz: “Segue-me” (Jo 21, 19).
Cristo não olhou para Pedro como um homem fracassado, incapaz de realizar a missão que lhe confiara, mas o olhou como filho, que necessita de um pai para ampará-lo em seu momento de maior dificuldade. Ele o confirma em sua vocação por três vezes: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-17). O Senhor confirmou o chamado de Pedro por três vezes, pois este foi o número de suas negações. Hoje, o Senhor também nos confirma em nossa missão, ainda que o tenhamos negado várias vezes. Da mesma forma, por mais que negamos o Senhor, Ele sempre nos convida a retomar a missão que nos foi confiada. Jesus confirma a nossa vocação, ainda que O tenhamos traído como Judas ou negado como Pedro. Cristo se dirige a nós com as mesmas palavras: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-17).
Várias vezes Jesus foi criticado porque comia com os pecadores, como na casa de Mateus, que era cobrador de impostos e por isso era considerado pecador público pelos judeus (cf. Mt 9, 11). Mais uma vez, o Senhor come com eles. Porém, desta vez é Ele quem os convida: “Vinde comer” (Jo 21, 12). Desta vez não é Jesus que vai à casa dos pecadores, mas são estes que são convidados à mesa santa do Senhor! Participemos da mesa que nos é oferecida hoje no sacramento da Eucaristia. Ainda que tenhamos pecado contra Deus, Ele nos convida à reconciliação, a voltarmos à amizade com Ele. Nos reconciliemos com Deus e assumamos a nossa vocação. Jesus confiou a Pedro as suas ovelhas, lhe deu uma ordem: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21, 15-17). Como filhos de Deus e membros da Igreja, sejamos fiéis ao mandato do Senhor de cuidar das suas ovelhas.
Não nos enganemos achando que não temos nenhuma obrigação de cuidar das ovelhas de Jesus Cristo, pois o chamado de Deus é irrevogável. O próprio Pedro, depois do Pentecostes, diz: “É preciso obedecer a Deus antes que aos homens” (At 5, 29b). Precisamos obedecer Deus antes que aos homens, mas também antes que a nós mesmos, como o Senhor disse ao Apóstolo: “Em verdade, em verdade, te digo: quando eras jovem, tu mesmo amarravas teu cinto e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te amarrará pela cintura e te levará para onde não queres ir” (Jo 21, 18). O chamado de Deus comporta a Sua vontade, que nem sempre é a dos homens e a nossa.
Na maioria das vezes, quando surgem as dificuldades, somos tentados a fazer como Pedro, que desistiu de ser pescador de homens (cf. Lc 5, 10-11) e voltou a pescar peixes (cf. Jo 21, 3). Quando isso acontecer, não tenhamos medo de voltar e recomeçar tudo de novo. Com consciência da nossa vocação, façamos como a Virgem Maria, que foi obediente à vontade do Senhor (cf. Lc 1, 38), ainda que tivesse outros planos para si (cf. Lc 1, 27). Como a Mãe do Senhor, assumamos com humildade e docilidade a missão que Ele nos confiou: “Apascenta as minhas ovelhas” (cf. Jo 21, 15-17). Depois, Jesus acrescentou: “Segue-me” (Jo 21, 19). A nossa vocação é esse caminho de seguimento do Senhor, que somos convidados a trilhar, o caminho da obediência a Sua vontade e não a dos homens (cf. At 5, 29b), nem a nossa. 
Fonte: CN